segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Os elogios de Lula e Dilma ao companheiro corrupto

Os elogios de Lula e Dilma ao companheiro corrupto explicam por que Osasco ficou fora da turnê do palanque ambulante

O PT de Belo Horizonte esperava juntar 50 mil pessoas no primeiro comício estrelado por Lula na temporada eleitoral de 2012. Apareceram menos de 5 mil - e o início da turnê do palanque ambulante foi um fiasco. Para recuperar a autoconfiança abalada pelo fracasso de público, o orador deveria programar com urgência uma escala em Osasco. Além dos devotos sempre prontos para aplaudir a palavra do mestre, a discurseira seria certamente engrossada por milhares de curiosos.

Todos estariam interessados em saber o que tem a dizer o ex-presidente sobre o que disse de João Paulo Cunha no comício promovido em 20 de agosto de 2010, durante a campanha presidencial. A voz é de antigamente, Lula parece muitos anos mais novo que a versão atual. Mas o vídeo de 1min13 foi gravado há apenas 24 meses pelo comitê eleitoral do candidato a deputado, que pedia votos pendurado no slogan debochado: "É Lula. É de confiança".

A louvação do amigo mensaleiro começa no meio do palavrório no palanque: "Tem um cumpanhero que todas veiz que a gente pudé ajudá-lo a gente tem que ajudá, que é o cumpanhero João Paulo Cunha, que é aqui de Osasco". Logo atrás do chefe, Dilma Rousseff sorri. À direita do chefe, Marta Suplicy sorri e bate palmas. À esquerda do chefe, Netinho de Paula sorri com a expressão triunfante de quem nem desconfia que está prestes a naufragar nas urnas.

João Paulo chega do fundo do palco, consegue um espaço entre o chefe e Marta. Sorri enquanto Lula retoma a lengalenga: "Por tudo o que ele sofreu nesse período… ". A gravação é interrompida antes que o animador de comício berre que o mensalão não existiu, e que é preciso reparar com votos as dores impostas a um inocente pelos inventores da farsa concebida para derrubar o governo do operário que construiu o Brasil Maravilha.

Na cena seguinte o artista principal reaparece depois de encerrado o comício, suando ao pé do palanque. "Eu acho que o João Paulo precisa ser eleito", vai em frente. "Deve ser eleito com uma grande votação, porque o João Paulo é um extraordinário cumpanhero, um extraordinário deputado". Olha diretamente para a câmera e conclui: "Portanto, vote em João Paulo para deputado federal".

Corte. Close em Dilma Rousseff, pronta para mostrar que sabe falar e andar ao mesmo tempo. "João Paulo, toda sorte do mundo para ti", capricha o neurônio solitário na segunda pessoa. Engata uma terceira e vai em frente: "Você merece, você é um guerreiro. Sorte. E tenho certeza que cê será um grande deputado". O Supremo Tribunal Federal discorda, saberiam dois anos mais tarde o padrinho e a afilhada.

Depois de descobrir que o extraordinário deputado de Lula é um caso de polícia, os juízes do processo do mensalão resolveram o guerreiro de Dilma vai batalhar no presídio. O ex-presidente solidarizou-se por telefone com o companheiro corrupto, peculatário e lavador de dinheiro sujo. A sucessora, nem isso. Pelo palavrório eternizado no vídeo, ambos estão obrigados a visitar João Paulo Cunha na cadeia. Pelo menos um domingo por mês.

Coluna do Augusto Nunes - 02/09/2012 - às 10:33 - Direto ao Ponto

Tags: Belo Horizonte, comício em Osasco, Dilma Rousseff, fiasco, João Paulo Cunha, Lula, turnê do palanque ambulante, vídeo

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